quinta-feira, 31 de janeiro de 2008


Muitos de nós possuem o costume de pensar que seus amigos são perfeitos. Não falo da perfeição encontrada na ausência dos pequenos defeitos que moldam nossas personalidades. Afinal, não fosse pelos mesmos, seríamos todos tediosamente iguais. Dessa vez eu me refiro a um tipo muito mais complexo de perfeição. A perfeição medida pelo grau de humanidade embutido em cada um de nós.
Por favor, sem hipocrisias. Todos nós temos nossos momentos negros. Aqueles em que torcemos para que 'fulano' tropece de forma teatral enquanto caminha elegantemente para a frente daquele palco ou aqueles em que soltamos gargalhadas internas, e apenas internas, conservando o bom e velho costume de não fazer feio, quando 'ciclano' bebe um pouquinho além da conta e dá aquele showzinho na festa que será o assunto do resto da semana.
Mas, creio eu, a reação de alguns de nós seria bem diferente se as circunstâncias se mostrassem mais sérias. Espero não estar falando apenas por mim quando digo que jamais seria capaz de negar ajuda ao meu maior inimigo que estivesse passando por dificuldades realmente sérias, daquelas capazes de por uma vida em rumos totalmente novos. E a maioria de nós, como boas pessoas, tem o hábito de acreditar que nossos amigos agiriam da mesma forma que nós em situações similares, que em suas veias corre a mesma quantidade de humanidade que nosso próprio coração bombeia junto com o sangue. Mas as coisas nem sempre são assim.
Me lembro de uma vez em que um de meus professores resolveu ter uma conversa "de pai para filhos" com nossa turma. No meio de um papo bem descontraído ele fez uma pergunta inusitada direcionada exclusivamente aos meninos. Não vejo aqui necessidade alguma de citar a pergunta ou qualquer outro detalhe relativo ao fato. Mas o tema que me inspirou hoje foi a lembrança dessa cena. Para ser sincera, me senti chocada e imensamente decepcionada com as respostas. O tipo de decepção que se sente quando se tem espectativas muito grandes a respeito de alguém e descobre-se que a pessoa não é capaz de preenche-las.
A verdade é que passei a olhar todas as pessoas com outros olhos a partir de então. O que aconteceu foi que todas as pessoas que eu esperava que apresentassem um argumento negativo, apresentaram um argumento positivo e as poucas pessoas que me deixaram na dúvida ou então na certeza de que apresentariam o tal argumento positivo me surpreenderam. E o motivo de tamanha surpresa foi a resposta que eu mesma daria caso alguém se interessasse em saber minha opinião a respeito.
O fato, eu aprendi apenas mais tarde, é que pessoas diferentes possuem valores diferentes e isso não impede que se tornem grandes amigos. Opiniões diferentes não devem ser postas em discussão jamais. Eu aprendi a guardar meus valores para mim, embora tenha que admitir que também aprendi a 'julgar' minhas companhias, sejam elas meus melhores amigos ou a recepcionista da clínica médica. Não me envergonho desse julgamento por não estar dentro de meus direitos, como muitos fariam questão de pregar, pois se há algo que todos concordamos é que o autoconhecimento é fundamental e nenhum de nós poderia se ver por completo sem utilizar espelhos.
Hoje penso que cada um de nós deve medir o grau de humanidade presente em si mesmo e depois começar a medi-lo também nas outras pessoas. E quando você encontrar alguém com um grau de humanidade semelhante ao seu,bem... talvez seja interessante convidar essa pessoa para jantar.

(Alessuza Pires)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008


Uma vez um amigo me deu um tema e pediu que eu escrevesse a letra de uma música para ele. O assunto nunca mais foi discutido até que hoje, fuçando textos antigos durante uma tarde mais ou menos tediosa de férias, eu encontrei a tal música e resolvi postá-la.


Sobre te amar

É complicada essa idéia de te ver livre por aí
Saindo com todas essas pessoas vazias
Porque eu perco meu tempo pensando em você
E você revira os olhos como quem diz "tanto faz"

Refrão
Já era, não há mais reação
Fico imaginando como seria
Seguir em frente, olhar adiante
Meus passos ecoando no chão
Só quero estar longe daqui
Em qualquer outro lugar

O que chamam de amor, afinal?
Esse mosntro à espreita que me vigia e me faz vacilar?
Essa estúpida impotência que gira minha cabeça para onde não quero olhar?

Coisa mais estranha
Segura meus pés
Controla meus passos
Não me deixa correr
Eu só quero estar
Em qualquer outro lugar
Longe de você
(Alessuza Pires)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Ah... Que Saudades do Futuro

Pois é... parece estranho dizer, não?
Saudades do futuro...
Mas é isso. É exatamente isso.
Saudades de todos os planos que fiz e que nunca chegaram a se realizar.
E também daqueles que - agora sei - nunca se realizarão.
Continua estranho.
Mas eu tenho saudades do meu futuro.
Saudades de quando ele ainda era futuro - agora que já se tornou prensente.
E continuarei tendo saudades. Talvez estas sejam eternas.
Faz parte da natureza humana isso, não?! Sentir saudades? Mesmo do que nunca aconteceu?
É diferente a saudade gostosa de algo que foi presenciado da saudade agonizante de algo que deveria te-lo sido.
Porque o primeiro tipo faz você se sentir bem, de certa forma. A simples consciência de que aconteceu nos torna mais satisfeitos conosco mesmos. Afinal, saudades apenas se tem do que valeu à pena e satisfação do que foi realizado. Ou não?
Já o segundo tipo vai te consumindo aos poucos. Te faz sentir ligeiramente mais frustrado a cada segundo durante o qual se pensa no assunto. Mas, como qualquer outra coisa na vida, também pode ter seu efeito revertido. Algumas vezes o segundo tipo de saudade te impulsiona rumo às realizações cobradas por sua já conturbada consciência. E aí, ela será mais benéfica que a primeira.
Mas, como eu costumo dizer, tudo na vida é uma questão de interpretação. Cada um deve interpretar seus próprios sentimentos da forma como achar melhor.
Aqui eu vos apresento apenas alguns pensamentos que cruzam minha mente de forma estranha em algum momento em que a mesma se encontre de alguma forma vazia. Nada é fato. Mas também, o que é um fato na vida?

(Alessuza Pires)