terça-feira, 29 de abril de 2008

A magia de um sorriso


Há algumas coisas que marcam a vida. São fatos simples, normalmente ignorados no momento em que ocorrem. Mas que, em longo prazo, farão uma grande diferença. São acontecimentos que se apossam do seu coração e invadem sua memória quando você menos espera. Coisas que te perseguirão para o resto da sua vida. Como, por exemplo, um sorriso.

Uma vez, há muito tempo atrás, alguém sorriu pra mim. Foi o sorriso mais belo que eu já vi em toda a minha vida. Havia algo a mais ali, algo que eu não tinha. E então eu sorri de volta. Foi aí que meu mundo começou a girar sozinho, me deixando para trás. O que um simples sorriso não é capaz de fazer? Não me pergunte, eu não sei a resposta...

Vi aquele sorriso muitas vezes mais, sempre lindo. E eu sempre sorria de volta. Até o dia em que ele se foi.

Não se foi de verdade, ainda estava lá. Mas algo havia mudado naquele sorriso... E eu não sabia dizer o que era.

Depois de algum tempo eu percebi o que havia acontecido. O sorriso havia se apaixonado... Por outro sorriso, que não era o meu. Apenas assim eu percebi que também havia me apaixonado por aquele sorriso. Eu deveria ter previsto. Era inevitável que isso acontecesse.

Mas já não havia mais sorrisos para que eu pudesse retribuir. E os meus... Transformaram-se em lágrimas. Lágrimas de amor, de decepção... Lágrimas que desciam pela minha face como lava quente e queimavam meu coração. O que eu poderia fazer?

Ignorei as lágrimas. E elas se foram, me deixando sozinha com meu coração, agora vazio.

O tempo foi passando e eu fui conhecendo novos sorrisos. Mas nenhum era tão belo quanto aquele primeiro.

Então eu encontrei. Um novo sorriso. Ainda não era tão belo quanto aquele, nenhum poderia ser, mas havia algo que me prendia. E meu coração, já acostumado à solidão, viu ali uma nova luz. E eu sorri de volta uma vez mais. Mergulhei naquele sorriso. Fiz dele meu alicerce.

Mas não passou de ilusão. Aquele segundo sorriso ainda era belo e único a seu modo, mas era um sorriso diferente. Era um sorriso que estaria sempre ao meu lado quando eu precisasse. Um sorriso que me apoiaria em todos os momentos sem pedir nada em troca. Era um sorriso amigo.

Muitos outros sorrisos iguais ao segundo apareceram em minha vida. Todos belos, únicos, perfeitos a seu modo. Mas a lembrança daquele primeiro sorriso continuou a me assombrar, não se deixando ser preenchida nunca.

Hoje eu conheço mais que esses dois sorrisos. Conheço sorrisos de tristeza, de alegria, de conforto... Conheço sorriso de mãe, de avô, de tio, de primas... Conheço sorrisos infinitos, cada um com um significado diferente. Mas são todos especiais para mim.

Hoje a minha vida é repleta de sorrisos... Eles me perseguem aonde quer que eu vá. Não há um dia que eu passe sem sorrir. E não há um dia que eu passe sem receber um sorriso de volta.

Eu amo sorrir. E amo sorrisos. Eles são o meu tesouro. Mas são também a minha perdição.

Ainda procuro o sorriso mais belo, aquele que preencherá o lugar do primeiro. Não sei se ele existe realmente ou se poderei encontra-lo. Eu simplesmente sigo o meu caminho, buscando por ele, desejando que não seja apenas mais um sonho.

Aquele primeiro sorriso ainda existe. Eu o vejo todos os dias. Seu brilho é tão forte que chega a ofuscar um pouco os demais. De alguma forma, eu sei que ele estará sempre ali, atrás de mim. Meu eterno fantasma.

Mas não quero cair no mesmo erro novamente. Então tudo o que eu faço é não olhar pra trás. E caminho rápido, para impedir que ele me ultrapasse.

Mas eu aprendi uma importante lição. Nunca deixar de sorrir. Porque apenas assim eu poderei mostrar toda a beleza que há em mim de uma só vez. E, com um pouco de sorte, alguém se apaixonará pelo meu sorriso e fará com que ele se torne o mais brilhante. Por que tudo o que algo pode ser é o que você acredita que ele seja.

(Alessuza Pires)

terça-feira, 22 de abril de 2008


Eu já quis saber muito a respeito de tudo. Até descobrir que há coisas que simplesmente não me interessam.
Eu já desejei que não houvesse ninguém lá para expressar suas opiniões. Até descobrir que jamais teria chegado muito longe se acompanhada apenas pela solidão.
Eu já almejei possuir um tesouro inestimável. Até descobrir que não preciso de nada além de ar em meus pulmões e alimento em meu estômago.
Eu já sonhei com a vida eterna. Até descobrir que não daria tanto valor às coisas se não tivesse tão pouco tempo.
u já quis ir embora para bem longe e nunca olhar para trás. Até descobrir que meu passado é quem eu sou e eu não poderia esquecê-lo sem esquecer de mim mesma.
Eu já desejei nunca ter que dizer adeu ao que me é caro. Até descobrir que o adeus nem sempre significa despedida, podendo significar algumas vezes a saudação de uma mudança maravilhosa.
Eu já almejei o sucesso como forma de felicidade. Até descobrir que a felicidade se encontra dentro e não fora de mim.
Eu já sonhei com o reconhecimento pela realização de grandes feitos. Até descobrir que opiniões alheias não podem ser responsáveis por me motivar a fazer algo que gosto.

(Alessuza Pires)